Formas de Intervenção
-Pontual: mini espetáculo seguido de oficina (2 a 3 horas)
-Breve: Intervenção pontual seguida de diversas oficinas e montagem de mini espetáculo estrelado pelos educandos (5 a 10 dias)
-Longa: Oficinas semanais, atividades customizadas às características do grupo, acompanhamento psico-social de casos extremos e montagem de espetáculo estrelado pelos educandos. Possibilidade de treinamento de monitores (3 a 10 meses)
-Continuada: Instalação de um polo fixo do projeto. Atuação com educandos no modelo de intervenção longa, treinamento de monitores e multiplicadores de circo social. Assistência e orientação continuada aos educandos e suas às famílias.
Detalhamento das Intervencçoes Pontuais
A intervenção acontece em dois momentos principais que são: apresentação e oficina. A duração de cada momento é determinada de acordo com o número de participantes e disponibilidade de tempo da instituição. Toda intervenção acontece de forma participativa, com o intuito de reforçar o sentimento de pertencimento dos educandos e aumentar a motivação dos participantes.
Descrição detalhada dos passos da atividade:
1 – Agendamento da intervenção com os responsáveis pela instituição
Ao chegar à instituição o educador deve agir com descrição e se encaminhar diretamente para a sala da direção. Sua presença é um fator que certamente irá chamar a atenção das crianças e influenciar no ambiente do aprendizado e por isso o mesmo deve aparecer o mínimo possível até conversar com o responsável. Qualquer contato inevitável com os educandos deve ser feito com carinho e objetividade para não atrapalhar a aula.
Ao se apresentar ao responsável o educador deve apresentar o ideal do projeto. O tempo necessário para a sua realização, a metodologia utilizada e durante todo esse dialogo ele deve estar preparado para ouvir mais do que falar. O responsável conhece a realidade dos educandos, geralmente já possui um vinculo com as crianças e está habituado com a rotina da instituição.
Qualquer sugestão, objeção ou observação do responsável deve ser levada em consideração. É preciso ter o responsável como um aliado do projeto, pois seu apoio será fundamental para o bom andamento do mesmo. Se o diretor colocar obstáculos à realização do projeto o educador deve ter argumentos que deixe claro a segurança do processo e os benefícios para os educandos. Se necessário é preciso estar flexível e adaptar a metodologia as condições disponíveis para a sua realização.
2- Chegada no território
A chegada no local determinado para apresentação, exige cuidados e uma postura adequada do educador. As diferenças culturais e o fato de ser um elemento novo no espaço de aprendizado é o bastante para alterar a rotina deste território. Por isso é importante estar ciente que o processo de ensino e aprendizagem já se inicia nos contatos preliminares.
O simples ato de caminhar em direção à escola atrai a atenção, adentrar em seu espaço físico (mesmo que não haja muros) é um processo que desperta curiosidade, aproximação das crianças e formação de grupos. Os múltiplos contatos com cada educando se inicia, apertos de mão de diversas formas, trocas de sorrisos, comprimentos e gestos de carinho.
Inicia-se a montagem dos equipamentos buscando uma árvore onde seja possível instalar o tecido, o que demanda uma caminhada pelo terreno, favorecendo as trocas iniciais e a aproximação com o grupo. Nesse momento um grande grupo de curiosos já costuma acompanhar cada passo. Decidido o lugar propicio para os equipamentos, inicia-se a montagem. A grande maioria dos educandos nunca viu uma apresentação de arte circense pessoalmente e muitos nem se quer reconhecem o que é um circo, pois nem todos tem tv. As expectativas começam a surgir em torno desta vivência.
3 – Montagem do equipamento
Todo o procedimento é seguido com muita atenção e muita oferta de ajuda pelas crianças. Nesse momento o foco do trabalho é conduzir o grupo com carinho, respeito e também limite. É necessário abrir espaço para o arremesso da corda que vai puxar o tecido, o que já é feito em tom de brincadeira, procurando permear com piadas, gagues, mas respeitando a segurança necessária.
Com o tecido no lugar é iniciada a montagem da corda bamba e o grupo se divide, alguns ficam com a primeira educadora, tentando entender o equipamento e outros seguem para acompanhar a montagem da corda. Por questões de segurança cada equipamento que é instalado demanda a presença constante de um educador.
4 – Formação da roda
A roda é um espaço democrático onde todos podem se manifestar, mas é necessário controle e organização para que esse espaço seja formado democratizando o acesso visual aos equipamentos e a apresentação à todos educandos.
5 – Dinâmicas Introdutórias e Músicas
Os educadores nesse momento se apresentam dizendo seus nomes, seu local de origem e começam a apresentar os equipamentos e instrumentos utilizados de forma animada e com a participação constante dos educandos.
Nesse momento os educandos são instigados a também apresentar um pouco de sua cultura para os visitantes. Uma música tradicional circense anuncia que a brincadeira vai começar. A dinâmica da música acontece com a participação das crianças em coro e o acompanhamento do pandeiro.
O final da dinâmica anuncia mais uma vez que a brincadeira vai começar e se inicia nesse momento as acrobacias circenses.
6 – Apresentações Circenses
A primeira modalidade a ser apresentada é a acrobacia em duplo. Cada figura montada pelos educadores e seguida da participação de dois educandos voluntários. O que torna a atividade mais atrativa, acessível e animada. Nesse momento abordamos tópicos de confiança, trabalho de equipe e superação do medo de forma prática e lúdica.
A segunda modalidade apresentada é o malabares. De forma cômica são apresentadas algumas técnicas básicas e os voluntários fazem um pouco de malabares no centro da roda. Nesse momento é trabalhado concentração, persistência e coordenação motora.
O terceiro passo é a apresentação de acrobacia aérea em tecido com o fundo musical do Bell. Seguida da apresentação na slack-line e agradecimentos.
7 – Organização para experimentação circense
Após o agradecimento formamos as filas e explicamos que cada educando pode experimentar o aparelho que quiser. As únicas limitações são o tempo disponível para a atividade e o respeito à fila gerando oportunidades iguais a todos.
8 – Experimentação
Cada educador é responsável por um equipamento. Devido à limitação atual do número de educadores do projeto. Pedimos que uma professora ou educando mais velho oriente o malabares e os outros educadores se dedicam a slack-line e tecido.
O educador deve se preocupar com a fila, orientar que todos do grupo se respeitem, com segurança ele deve instigar os educandos, colocando sempre novos desafios e adaptando opções de uso do aparelho de acordo com a desenvoltura e idade de cada educando para que ambos tenham condição de atingir os objetivos dos desafios propostos.
O educador precisa ser paciente, atento e carinhoso durante todo processo e deve gerar momentos de reconhecimento a cada pequena conquista alcançada com elogios e palmas dele e do grupo que influenciarão na auto-estima do educando.
9 – Roda de fechamento
Com a conclusão do tempo determinado para a experimentação (definido de acordo com o número de educandos) . Todos os participantes formam uma grande roda onde as energias são unificadas em grande uma vibração que se inicia com a verbalização do A… e é finalizada com todos caminhando rumo ao centro verbalizando o final …xé, que tem significados múltiplos como tudo de melhor, tenho para você os melhores desejos e obrigada.
10 – Foto de Registro Final
Sempre que possível toda a ação educativa deve ser registrada através de vídeos e fotos que são utilizados como materialização da atividade a também como material de pesquisa para que os educadores possam observar cada intervenção e trabalhar constantemente na melhora do processo. O registro final é a última foto de todos os educandos e visa materializar a expressão de todo o grupo após a realização do trabalho.
11 – Depoimentos, agradecimentos e contatos para envio de material
Se possível de acordo com a disponibilidade de tempo, registramos alguns depoimentos das crianças, responsáveis da instituição e educadores locais. Nesse momento a equipe deve agradecer a oportunidade e anotar os e-mails de contato para envio posterior das fotos e vídeos para registro da instituição.
12 – Retirada dos equipamentos e saída do território
O cansaço não pode ser uma desculpa para a mudança de comportamento. Enquanto o educador estiver em contato com alguma criança do grupo a postura de carinho e humor deve ser mantida. Isso pode significar todo o caminho de volta, pois quando a vivência acontece no final das aulas, muitas crianças acompanham o educador ate o seu destino final. É preciso atenção com ações simples como acender um cigarro, falar um palavrão ou beber algo com álcool, o educador é uma referência para o educando e por isso é preciso um exercício constante de auto-educação. O mesmo deve sempre presente e consciente de seus atos.